sexta-feira, 19 de Abril de 2024  
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 actualidade

Nossos agrupamentos regionais poderiam ser  mais eficazes diante desta situação. E podendo a justo tîtulo pensar, se a UMA realmente existisse, seríamos mais fortes diante dos desafios.

Sua Majestade o Rei Mohammed VI, tomou parte, Quarta-feira em Abidjan na cerimônia de abertura da 5ª Cimeira da União Africana - União Européia, dirigindo uma mensagem para a Cimeria na qualidade do Líder da União Africana sobre a Questão da migração.

 


Eis o texto integral do discurso real:

 "Louvado seja Deus.

 Que a Paz e a benção estejam sobre o Profeta, Sua Família e seus Companheiros.

 Sr Alassane Dramane Ouattara, Presidente da República da Costa do Marfim,

 Caras Irmãs e Irmãos Chefes dos Estados e Governos da União Africana,

 Excelências, Chefes de Estado e Governo dos Estados Membros da União Europeia,

Senhores Moussa Faki Mahamat e Jean-Claude Juncker, Presidentes da Comissão da União Africana e da Comissão Européia,

 Excelências, senhoras e senhores,

 Gostaria, acima de tudo, expressar meus sinceros agradecimentos ao nosso agosto anfitrião, Irmão, o presidente Alassane Ouattara, e através dele, ao povo da Costa do Marfim, pela calorosa hospitalidade que eles nos reservaram, desde que chegarmos a este país tão querido ao nosso coração; Este país que eu visito, em todas as ocasiões, com um prazer renovado.

 O Reino de Marrocos se congratula para este encontro no continente de pertenência - África e do continente de vizinhança e parcero - a Europa.

 Ele confirma, com satisfação, a sua vocação de constituir o laço de uniao natural e pelenamente assumido.

 Senhor Presidente, Excelências, Senhoras e Senhores,

 Dezessete anos após o seu surgimento, a Parceria entre África e Europa não perdeu sua relevância. E, agora, o tempo já não é mais no diagnóstico, nem as polêmicas da retaguarda. O tempo é para a ação.

 É essencial que o diálogo corajoso e responsável entre os antigos países colonizadores e os antigos países colonizados permaneça franco e direto. E, hoje, é essencial dar-lhe um novo impulso.

 A União Europeia e a União Africana são dois agrupamentos regionais essenciais. Eles são igualmente importantes um para o outro. Iguais diante dos desafios, das oportunidades e das responsabilidades.

 A solidariedade entre a Europa e a África não é um conceito vazio nem um laço baseado na filantropia inequívoca; mas sim decorre de uma responsabilidade e de uma dependência recíproca. A lógica da assistência vertical pode agora dar lugar a uma verdadeira parceria transversal.

 Neste espírito, a Parceria da UE-África deve evoluir para um novo Pacto novo Bi-continental. Trata-se para a África e para a Europa conhecer, de forma concertada, os desafios inevitáveis ​​através de uma competitividade compartilhada, co-localização das empresas produtivas, da mobilidade humana regulada e dos intercâmbios culturais frutíferos.

 Paralelamente, a condicionalidade da dívida deve ser revista: os países ocidentais esperam, de fato, que alguns países africanos - independentes desde menos de meio século – possam adquirir experiências políticas e econômicas, também positivas e importantes tanto quanto seus homólogos. impondo-lhes então condições impossíveis a respeitar.

 Esta aberração é ainda mais aguda, uma vez que esses próprios países europeus às vezes têm grandes dificuldades nos planos financeiros e políticos.

 Senhor Presidente, Excelências, Senhoras e Senhores,

 As relações entre a África e a Europa sempre foram marcadas por deslocamentos humanos e fluxos migratórios. Decenas de milhares de migrantes africanos estão tentando todos os dias chegar à Europa, muitas vezes arriscando suas vidas.

 O século XXI será aquele de grandes entrelaçamentos. Este consta de bom sentido nos proíbe de dar qualquer torção ideológica, pacional ou mesmo de xenofobia aos discursos sobre a migração.

 Alguns países, devido à sua posição geográfica, foram levadas para ser uma terra de imigração. Assim, o Marrocos tem sido desde a sua origem, e sua independência, de forma consistente, sucedendo a diferentes ondas de migração: nossos parceiros europeus e magrebais sabem disso sem contestação.

 O conceito de fronteiras na África nasceu após a independência. Durante o período pós-colonial, a gestão da questão de migração foi coroado apenas de tímido sucesso e constantemente considerado, não como uma fonte de soluções e de oportunidades, mas sim como uma ameaça e desespero.

 Houve um momento em que a imigração estava ligada aos deslocamentos comerciais, as peregrinações religiosas ou sendo imposto para os conflitos e pandemias.

 Na nossa história contemporânea, tem-se uma conotação negativa, uma vez que ela foi  associada a drogas e outros tipos de tráfico, ou seja as maldades das mudanças climáticas.

 Em suma, em nosso tempo, na imaginação coletiva, a imigração está associada aos flagelos da pobreza, da precariedade, da instabilidade e mesmo da morte.

 É assim que a Líbia, nova terra de passagem entre a África e a Europa, tornou-se o corredor de todos os males, cristalizando todos os infortúnios.

 Fomos chocados com as práticas atrozes relatadas pela mídia, e das quais os migrantes sofrem em nosso bairro. Trata-se de uma verdadeira negação da humanidade.

 Esses atos, cometidos por milícias armadas que fugem do controle do governo líbio, exigem um exame da consciência coletiva daqueles que são cúmplices e responsáveis ​​por esse tráfico, o que é incompatível com os direitos fundamentais da humanidade. Essas práticas são também contrárias aos valores e as tradições do povo libio fraterno.

 Pouco capaz ou incapaz de compreender as causas profundas do fenômeno migratório, definido e generalizado em representações estereotipadas: através de imagens de exposição de pessoas sem trabalho e sem recursos, às vezes com perfis duvidosos.

 Tem-se tentado de culpar as populações européias que apreendem um tão influxo massivo e considerando-o como uma ameaça. Esse medo, infelizmente, nem sempre é infundado, não nós quermos a face.

 Nossos agrupamentos regionais poderiam ter sido mais efetivos nesta situação. E podendo pensar a justo título que, se a UMA, realmente, existisse, seríamos mais fortes face a este desafio.

 Infelizmente, a UMA não existe! E os fluxos migratórios, contra os conflitos regionais, muitas vezes foram a victima das redes de tráfico, de narcóticos as redes terroristas. Meu país, Marrocos faz o custo há muito tempo e hoje ainda.

 Repetimos-no-lo: o tempo é para a ação. Pode-se encontrar soluções efetivas, ou somos condenados a permanecer em uma lógica de desconfiança? Eu confirmo fortemente: podemos agir. Mas não podemos fazer tudo e, acima de tudo, fazer isso só: a política europeia na matéria deve evoluir.

 Não é aceitável que, tanto nos bancos das escolas prestigiosas como nas empresas do continente, os melhores talentos africanos estejam o objeto dos desejos europeus, dos despresos do investimento do país de origem em termos de formação; ou da hemorragia dos cérebros que fugem, sendo deploráveis.

 Tendo sido um país de emigração, de trânsito e de imigração, Marrocos desenvolveu uma abordagem introspectiva da questão da migração, que se projeta de forma inclusiva e positiva.

 Se medimos os desafios da imigração, não ignoramos portanto tanto seus aspectos positivos. As ilustrações são numerosas:

 Tal como seus irmãos marroquinos, os migrantes africanos contribuíram grandemente para a reconstrução da Europa pós-guerra; e dos países africanos que se sentiram legitimamente injustiçados.

 No início dos anos 70, os jovens marroquinos entraram em um espírito amigável para a Europa tendo em vista a colheita ou ajudar no campo. Hoje em dia, esses movimentos relevam da quimera!

 Nos últimos dez anos, os europeus se estabeleceram em Marrocos, trazendo seu conhecimento, criando localemente os PME e empregos.

 Hoje, é necessária uma nova visão: trata-se de fazer da imigração um assunto de debate pacífico e de troca construtiva.

 No Norte, como no Sul, todos vão se beneficiar. E se esta concepção é, por enquanto, ainda muito frágil, vamos ter certeza de que um dia, juntos, nós chegarmos!

 Como Líder da União Africana sobre a Questão da Migração, tenho a submeter, na próxima Cimeira da UA, as proposições aos Irmãos e Irmãs Chefes de Estado, para desenvolver uma verdadeira Agenda Africana sobre a Migração.

 Eu coloquei as primeiras bases para esta Agenda, Julho 2017, através da nota preliminar que foi apresentada ao Meu Irmão, o Presidente Alpha Condé, pela 29ª Cúpula dos Chefes de Estado e de Governos da União Africana.

 Essa agenda, ao serviço pleno e inteiro, através a qual dicta de falar de um só e mesma voz africana e de acordo com nosso próprio plano de trabalho. Hoje, onde o movimento migratório é sem precedentes, impõe imperiosamente e se declina em quatro níveis de ação: nacional, regional, continental e internacional.

 A este respeito, é necessário de corrigir quatro mitos infundados:

 A migração africana não é predominantemente intercontinental. Ela é principalmente intra-africana:  entre 5 africanos que se migram, 4 permanecem em África;

 A migração irregular não é a maioria, ela não representa que 20% da migração internacional;

 A migração não empobrece os países de acolhimento: 85% das receitas de migrantes permanecem no país de chegada;

 E, finalmente, lembre-se que não há distinção entre a emigração, de trânsito e de permanëncia.

 No quadro desta agenda, de acordo com seus engajamentos internacionais, e longe de práticas vergonhosas e desumanas, herdadas de uma época passada, os países africanos assumirem as suas responsabilidades no sentido de garantir os direitos e a dignidade dos migrantes africanos nos respectivos territórios.

 Senhor Presidente, Excelências, Senhoras e Senhores,

 Eu não gostaria de terminar a minha intervenção sem nutrir a esperança de que a nossa parceria amadurece e se diversifica.

 Estamos confiantes de que a Cimeria de Abidjan, dará a parceria Africano-europeia, uma inflexão decisiva e um salto qualitativo para atender a estabilidade, a segurança e a prosperidade dos dois continentes.

 Em suma, cabe-nos a compor uma agenda positiva, para prever um futuro melhor".

 -Atualidade sobre a questão do Sara Ocidental / Corcas-

 

   
  
 
 

 
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